Apresentação

Poema de abertura do meu novo projeto, ainda inédito.


Prefácio-Poético / Sobre as Águas

 

“…um pouco do muito nós conhecemos,

e um pouco do muito nós profetizamos”

– 1ª Carta aos Coríntios: 13: 9 (versão Peshitta)

 

À deriva navegamos

na negra noite, no claro dia

atrás da palavra arredia

no ondular da linguagem.

 

Lançamos a rede até o amanhecer

      maré alta    maré baixa

ancoramos a esperança ao entardecer.

Gaivotas sobrevoam

sobre as nossas cabeças

tentam nidificar suas crias;

  o alarido das aves

ensurdece nossos pensamentos.

 

Lançar a rede é nossa sina;

     o cordame frouxo do verso

    soltou a métrica   esgarçou a rima.

Tantas vezes puxamos a rede vazia,

das profundezas a palavra esguia escapa

entre a trama da linguagem;

       às vezes alçamos palavra impura.     

 

Lançai a rede à direita da barca, e achareis.

 

          Lanço minha rede

      na superfície da alma

no espelho d’água 

         elas crescem em ondas

   as palavras brotam se debatendo

          com suas nadadeiras;

dos meus olhos cegos

              as escamas prateadas caem;

    corpo & alma sentem o espinho na carne;

  na rede os versos se formando.

 

        Segue obediente o poeta

        segundo o coração de D’us.

 

Escrever poesia é um ato de fé;

não basta dar o primeiro passo,

é preciso caminhar sobre as águas.


Informações

Este texto é original e foi publicado primeiramente no litera mondru.

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