Apresentação

Sarah Munck é doutora em Letras pela UFJF, com área de concentração em Teorias da Literatura e Representações Culturais, e professora do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. Autora de O Diagnóstico do Espelho (2023), Sarah propõe um descolamento de olhar sobre Pinte-me de Azul!, de Gisela Maria Bester.  Publicada em 2023, a obra foi lançada pela Editora Mondru em Londres e no Festival do Livro de Paris (de 11 a 13 de abril de 2025), e segue disponível para venda no catálogo da editora: https://mondru.com/produto/pinte-me-de-azul/ Em 2024, Pinte-me de Azul! recebeu o Prêmio Literário da Cidade de Curitiba: Troféu Capivara, na categoria Reconhecimento Literário.


Gisela Maria Bester e seus poemas insones

Ao ler Pinte-me de Azul!, lembrei-me de minha costumeira indagação poética:

“Para onde vai o sonho/quando acordamos”.

Sorrateiramente, os poemas de Gisela Maria Bester indicaram-me o caminho: o sonho navega em outras bocas, em outras mãos para que, ao encontrá-lo, possamos acordar para sonhar outra vez.

Pinte-me de Azul! 

Em seu primeiro livro de poesia, Bester nos desperta, sabiamente, com raios poéticos que descortinam tetos de vidro. Aqueles atravessados por Virgínia Woolf, por tantas outras, por cada uma de nós. Outrossim, instrumentalizando uma escrita meticulosamente planejada, a poeta nos prepara um teto ao qual, nós mulheres, possamos regressar.

Dotado de versos livres, tal qual a singular poeta se autointitula, “meus poemas são livres como eu”, Pinte-me de Azul! constrói-se em imagens oníricas inclinadas ao surreal, mas também se ancora naquilo que pode ser factível: a terra do “peso de um anjo morto”, ora consciente, ora fluida.

Recordando-me de Wittgenstein, sobre o qual a experiencia estética urge como jogo de linguagem nascido em determinada cultura e espaço, estão o cerrado de Leodegária; o jardim de Wislawa Szymborska; o sonho de Manoel de Barros; o Rio Grande do Sul de Maria Bester; e o próprio “mar de mim” – todos eles encontram-se nos versos marcadamente reflexivos, dotados de grito e silêncio. A meu ver, é nesse lugar que prolifera a força poética da autora, uma vez que metamorfoses e pausas singularizam as subjetividades humanas e dão força para as suas revoluções.

Por onde andavas, Gisela?

Encontrei teu rosto em tuas criações literárias, e vi tuas pernas caminhando por belíssimos recursos estilísticos. Apanhei tuas metáforas como quem enxerga “a potência/do grito”.

Senti-me livre como tu e tua poesia o são.

E o que mais queremos quando lemos um poema libertário?

Lê-lo outra vez!


Informações

Este texto é um trecho de um livro já publicado

https://tomaaiumpoema.com.br/gisela-maria-bester-e-seus-poemas-insones-por-sarah-munck/

Link: https://mondru.com/produto/pinte-me-de-azul/

    https://sarahmunck.substack.com/
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